5 de maio de 2009

 

Governo da Bahia decreta abertura dos arquivos da ditadura

Está no Diário Oficial (4/5/2009) o decreto do governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), criando uma comissão para encontrar, organizar e divulgar os documentos de todos os órgãos públicos estaduais referentes à ditadura militar de 1964
Os trabalhos da comissão devem durar 180 dias. O projeto “Memórias Reveladas das Lutas Políticas na Bahia” será coordenado pela Secretaria da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos, cujo titular agora é o deputado federal licenciado, Nelson Pelegrino (PT).

Segundo o governador Jaques Wagner (PT), a medida não tem caráter de retaliação ou vingança, mas de "direito à verdade". Ele afirmou que a Lei da Anistia foi criada para "pacificar a sociedade" e deve permanecer intacta.

MORTOS E PERSEGUIDOS

A abertura dos arquivos da ditadura militar na Bahia irá facilitar a pesquisadores, estudantes e familiares dos perseguidos políticos conhecer um pouco mais sobre o que aconteceu na Bahia durante este período. Saber, por exemplo, quantas pessoas foram mortas, torturadas e perseguidas é um dos objetivos do Grupo de Trabalho Memórias Reveladas, criado pelo Governo do Estado.

De acordo com o governador Jaques Wagner, a abertura dos arquivos do Departamento de Ordem Política e Social (DOPS) é uma revelação histórica do que ocorreu no estado neste período. “Há mais de 20 anos a Bahia espera pela abertura de documentos da ditadura. Não há perseguição política, mas interesse em revelar a história”, afirmou o governador.

Na Bahia, 21 pessoas foram mortas e 11 torturadas e há mais de 600 desaparecidos durante a ditadura. Entre os baianos mortos estão Carlos Marighella, morto a tiros por agentes do DOPS de São Paulo, e o jornalista Mario Alves, que morreu sob tortura, mas até hoje o seu corpo continua desaparecido.

Outro que aguardava com expectativa a abertura dos arquivos é o Deputado Federal Emiliano José. Perseguido político durante o regime, ele afirmou que deseja conhecer seus arquivos e saber o que ocorreu com os militantes e estudantes que lutavam por um país democrático. O deputado é autor de vários livros que contam a história do regime na Bahia.

Os primeiros arquivos a serem analisados são mos da Polícia Federal e das polícias militar e civil. As informações da Bahia serão integradas à rede nacional de cooperação para divulgação e disponibilização de dados, imagens e informações de interesse sobre o período de repressão política.

É só o começo.

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