3 de novembro de 2008
Há 35 anos os malditos torturaram e mataram Gildo Lacerda
Não dá para esquecer aquele 22 de outubro de 1973. Os malditos me prenderam em casa e me levaram para a sede da Polícia Federal, em Salvador. Ali me encontrei com muitos amigos, entre eles, a jornalista Mariluce Moura e seu companheiro Gildo Lacerda. Ela estava grávida de 2 meses. Eu e Gildo Lacerda fomos levados para o Quartel do Barbalho. Fomos torturados com choques elétricos durante dias seguidos.
Do Quartel do Barbalho, Gildo Lacerda foi levado para o DOI-CODI do Recife, onde foi brutalmente assassinado. Era o dia 28 de outubro de 1973. Nesse dia, um torturador me disse durante a sessão de espancamento, com o rosto coberto por um capuz, que Gildo “já era”. No dia 1º de novembro, Cid Moreira anunciava no Jornal Nacional, com a maior seriedade, que José Carlos Novaes da Mata Machado e Gildo Lacerda tinham sido mortos a tiros por um homem alto e louro. Era a descrição de Paulo Stuart Wright, outro dirigente da Ação Popular, assassinado na tortura. O corpo de Gildo Lacerda nunca foi devolvido à família.
Da minha cela, no Quartel do Barbalho, via Gildo sendo empurrado com violência em direção ao refeitório dos oficiais. Ele estava com o pé inflamado, arrastava a perna. Quando ele voltava da sessão de tortura, eu era levado. Foi a última vez que vi Gildo Lacerda.
Entrei e sai daquele inferno sem ver a cara dos torturadores. Quando eu estava sem capuz eles estavam encapuzados. Vi tanta barbaridade que nunca me senti com disposição para reivindicar compensação por meus direitos violados, nem mesmo pelos seis meses de prisão na Penintenciária de Linhares.
Mas, estou começando a rever minha atitude. Não dá para esquecer.
Do Quartel do Barbalho, Gildo Lacerda foi levado para o DOI-CODI do Recife, onde foi brutalmente assassinado. Era o dia 28 de outubro de 1973. Nesse dia, um torturador me disse durante a sessão de espancamento, com o rosto coberto por um capuz, que Gildo “já era”. No dia 1º de novembro, Cid Moreira anunciava no Jornal Nacional, com a maior seriedade, que José Carlos Novaes da Mata Machado e Gildo Lacerda tinham sido mortos a tiros por um homem alto e louro. Era a descrição de Paulo Stuart Wright, outro dirigente da Ação Popular, assassinado na tortura. O corpo de Gildo Lacerda nunca foi devolvido à família.
Da minha cela, no Quartel do Barbalho, via Gildo sendo empurrado com violência em direção ao refeitório dos oficiais. Ele estava com o pé inflamado, arrastava a perna. Quando ele voltava da sessão de tortura, eu era levado. Foi a última vez que vi Gildo Lacerda.
Entrei e sai daquele inferno sem ver a cara dos torturadores. Quando eu estava sem capuz eles estavam encapuzados. Vi tanta barbaridade que nunca me senti com disposição para reivindicar compensação por meus direitos violados, nem mesmo pelos seis meses de prisão na Penintenciária de Linhares.
Mas, estou começando a rever minha atitude. Não dá para esquecer.
Comments:
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Você, Oldack Miranda, sem receio de ser interpretada erroneamente, não é por bajulação o que vou dizer:
Você é uma das melhores pessoas que conheço nessa e em todas as vidas. Solidário, amigo dos seus amigos, (desculpe a redundância), extremamente acolhedor e afetuoso.
Não é para qualquer um que passou pelas garras dos malditos psicopatas, manter a integridade moral, honestidade intelectual, capacidade política, e muito afeto nesse teu coração.
Um abraço, querido amigo, fico bem contente que pense em rever a sua atitude por seus direitos tão barbaramente violados.
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Você é uma das melhores pessoas que conheço nessa e em todas as vidas. Solidário, amigo dos seus amigos, (desculpe a redundância), extremamente acolhedor e afetuoso.
Não é para qualquer um que passou pelas garras dos malditos psicopatas, manter a integridade moral, honestidade intelectual, capacidade política, e muito afeto nesse teu coração.
Um abraço, querido amigo, fico bem contente que pense em rever a sua atitude por seus direitos tão barbaramente violados.
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