15 de novembro de 2007

 

Com lucidez, Lula defende presidente Hugo Chávez

Em entrevista que concedeu nesta quarta-feira (15), o presidente Lula tratou o presidente Hugo Chávez, da Venezuela, com extremo respeito. Elogiou-lhe a dignidade. Enalteceu-lhe a compostura democrática. Ou seja, o presidente brasileiro demonstrou completa lucidez e rejeitou o papel de refém da mídia brasileira. Muito menos do Blog do Josias, órgão chapa-branca dos donos da Folha de S. Paulo.

O presidente Lula não se rende nem mesmo aos aliados conservadores como José Sarney, que vem ameaçando vetar o ingresso da Venezuela no Mercosul. Como todos sabem, por razões de estado, Lula mantém sólidas relações com Sarney, mas não se dobra às posições reacionária do coronelismo do Maranhão.

Não se trata de defesa do “amigo” como quer reduzir o editorialista blogueiro Josias de Souza, da Folha de S. Paulo. É muita imbecilidade essa redução.

Leiam o que o presidente Lula disse:

"Podem criticar o Chávez por qualquer outra coisa. Inventem uma coisa para criticar o Chávez. Agora, por falta de democracia na Venezuela não é. Estou há cinco anos no poder. Vou chegar a oito anos. Eu participei de duas eleições. O que eu sei é que a Venezuela já teve três referendos, já teve três eleições não sei para onde, já teve quatro plebiscitos. O que não falta é discussão.”

Ou seja, Lula defendeu o direito à soberania da Venezuela. Soberanamente, a Venezuela tem direito de alterar sua Constituição, mesmo que seja para introduzir um terceiro, quarto ou quinto mandato presidencial. É uma questão do povo venezuelano, e não da imprensa marrom, direitista, reacionária e golpista como a do Brasil, com destaque para a Folha de S. Paulo e seu blog oficial.

“Por que ninguém se queixou quando Margaret Thatcher [ex-primeira-ministra britânica, que deu as cartas entre 1979 e 1990] ficou tantos anos no poder?” questionou o presidente Lula.

Um dos repórteres idiotizados ressaltou que a Grã-Bretanha vive sob regime parlamentarista, podendo o primeiro-ministro ser destituído a qualquer momento pelo Parlamento. O repórter idiotizado não se lembrou da França, que permite a reeleição do presidente, e é presidencialista. Cada qual só se lembra do que o patrão do momento manda.

O fato é que parlamentarista ou presidencialista há uma continuidade. Conforme disse o presidente Lula: “É continuidade, não tem nada de distinto. Muda apenas o sistema, o regime, de presidencialista para regime parlamentarista. Não importa o regime, mas o exercício do poder.”

Lula também mencionou, além de Thatcher, dois outros ex-chefes de Estado de regimes parlamentaristas: o espanhol Felipe Gonzalez e o alemão Helmut Kohl. E jogou o francês François Miterrand na roda de samba. “Ninguém se queixa do Felipe González, que ficou tantos anos; ninguém se queixa do Mitterrand, que ficou tantos anos; ninguém se queixa do Helmut Kohl, que ficou quase 16 anos”, disse Lula.

O Blog do Josias tortura a lógica para rejeitar os argumentos do presidente Lula. Quando há idéia preconcebida não há como convencer o repórter idiotizado. A França, devolve o repórter idiotizado, é um sistema semi-presidencialista. E aí segue o debate.

Não há nenhuma desfeita ao se comparar François Mitterrand a Chávez. Se houvesse desfeita o atingido seria Chávez. François Mitterrand presidiu a França por 14 anos (1981-1995) porque obteve do povo dois mandatos. Mandatos que a Constituição da França fixa em sete anos. Sabe lá Deus como isso se deu.

De resto, Lula considerou que “não houve exagero da parte de Chávez ao chamar o ex-primeiro-ministro espanhol José María Asnar de “fascista”. E não houve mesmo.

Houve uma fala do Chávez, que o rei achou que era demais, que era uma crítica ao ex-primeiro-ministro da Espanha que tinha APOIADO o golpe venezuelano no primeiro momento. Essas coisas acontecem. Obviamente, a diferença qual é? Que o rei estava na reunião. Quem falou ‘cala-te’ foi o rei, não foi um de nós, porque, entre nós, nós divergimos muito”.

As considerações de Lula vieram no vácuo dos últimos rugidos (segundo o Blog do Josias de Chávez) na direção da Espanha. Não ouvi rugidos nem bramidos, ouvi a fala majestática de um governante que tem peito.

Segundo o Blog do Josias, Chávez tem todo o direito de cultivar sobre Aznar a opinião que bem entender. Eleito democraticamente, foi vitimado, em 2002, por um golpe de generais sem tropa, apoiado por bando de empresários oportunistas, amparados por um naco de mídia parcial. Coisa inaceitável. Mas não acho que seja tão reprovável quanto o movimento revolucionário que o coronel Chávez tentara aplicar dez anos antes, em 1992.

Não tem essa de se discutir a educação de Chávez. Quem falou bobagem foi o rei. Josias de Souza devia se calar. Por que não se cala, Josias?

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