22 de fevereiro de 2007

 

Editora Abril está por trás, na frente e na cabeça do editor da revista piauí

A revista “piauí” - assim mesmo com p minúsculo - vai se firmando no mercado. Lançada em outubro de 2006, com nomes importantes do jornalismo, embora não tenha um EXPEDIENTE transparente, pertence à Videofilmes, empresa dos irmãos Walter e João Moreira Salles, em associação com a editora Abril, responsável por sua impressão e distribuição. Desde o lançamento, seus proprietários afirmam que a Abril não interfere no conteúdo editorial. Perdão, senhores, mas não acredito.

O Editor é Mário Sérgio Conti, jornalista tucano que foi Diretor de Redação da revista Veja por muito tempo. A revista é editada pela Editora Alvinegra comandada por Mário Sérgio Conti. É distribuída pela DINAP, do Grupo Abril. Embora tenha uma fórmula inteligente (ao contrário da Veja que se suicidou), pois é criada e desenvolvida por repórteres pesquisadores e escritores que buscam material exclusivo, a revista obviamente tem uma tendência ideológica. O site Curso Abril de Jornalismo dá destaque especial à revista piauí. E essa gente não dá murro em ponta de faca.

A coisa estava custando a parecer e então explodiu em forma de publicidade. No exemplar de fevereiro de 2007, a redação da revista, comandada por Mário Sérgio Conti, criou uma publicidade de página inteira agradecendo ao ministro Waldir Pires pela crise na aviação brasileira. Publicidade meio cínica, meio humorística, mas de endereço político certo. Com um editor desse, realmente, a Editora Abril não precisa se preocupar em interferir em nada. O pensamento da revista Veja está na cabeça do jornalista Mário Sérgio Conti.

Como não tem EXPEDIENTE transparente não se sabe qual a real relação do editor Luiz Schwarcz, dono da editora Companhia das Letras, com a revista Piauí. O time é de primeira. Tem escritores estrangeiros como o argentino Tomás Eloy Martinez e o inglês Martin Amis. Cineastas como Eduardo Escorel e Eduardo Coutinho. Tem jornalista veterano como Ivan Lessa, resgatado de Londres onde se auto-exilou por 30 anos. Tem Marcos Sá Correa como editor.

Inteligente, a revista não entrou na histeria anti-petista e anti-lulista obsessiva das revistas do Grupo Abril. Não há colunistas “formadores de opinião”. Uma proposta editorial ousada. Reportagens longas. Textos autorais primorosos. Editores como Conti, Sá Correa, Dorrit Harazim, Xico Vargas, Cassiano Machado. Tem ainda nomes conhecidos como Danuza Leão, Rubem Fonseca e Angeli.

Como o público leitor brasileiro emburreceu lendo as revistas do Grupo Abril, com especial destaque para a Veja, o Grupo Abril resolveu investir no que resta de inteligência no país. Uma minoria escassa, já que a tiragem não passa de 50 mil exemplares. João Moreira Salles diz que há grana para suportar dois anos de prejuízo.

Tudo ia muito bem até que a revista agiu como o escorpião da fábula e deu a picada mortal no leitor, com a publicação da peça publicitária sem graça contra o ministro da Defesa Waldir Pires. Qualquer idiota hoje sabe que a TAM é responsável pelos atrasos dos vôos nos aeroportos brasileiros. E que interesses contrariados nas área militar e empresarial forjaram a crise da aviação.

Não é a revista Piauí que manda recado para o ministro Waldir Pires. É o Grupo Abril, estabelecido na cabeça do redator-chefe Mário Sérgio Conti, que manda o recado para o Governo Lula. Como se dissesse: “vamos pegar vocês lá adiante”.

LEIA O TEXTO:
ANÚNCIO SUPOSTAMENTE DIRIGIDO AO MINISTRO WALDIR PIRES

A revista piauí criou anúncio para criticar os atrasos aéreos que castigam os passageiros.
Veja o texto da peça batizada de "Homenagem":

“A redação da revista piauí gostaria de externar os mais sinceros agradecimentos ao excelentíssimo senhor ministro da Defesa, dr. Waldir Pires, pelo êxito na implantação do PAAA - Programa de Aceleração do Atraso Aéreo. Pedimos a compreensão dos passageiros que perderam encontros, cancelaram viagens, adiaram planos, arruinaram férias ou fizeram promessas inalcançáveis a filhos, pais, cônjuges, amigos ou patrões. Mas temos de reconhecer que, impedidos de voar de um lado para outro, os brasileiros puderam finalmente se sentar em casa para ler nossa revista de ponta a ponta. Outrossim, acalentamos o sonho de que, diante da perspectiva de esperar dias dentro de um terminal de aeroporto, na ausência até de cafezinho, e sendo obrigado a aturar crianças ranhetas, senhoras com chilique, funcionários desinformados e espécimes brutos partindo para a ignorância, nossos leitores tenham encontrado no bom humor da revista algum refrigério para a irritação generalizada. Nos nossos quatro meses de existência, já vendemos mais de 120 mil exemplares. Obrigado, ministro".

Logo após o texto, vem a assinatura da publicação: piauí - a revista para quem tem um parafuso a mais.

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