18 de fevereiro de 2007

 

Jaques Wagner enterra de vez o carlismo

Ao discursar na abertura da 16ª Legislatura da Assembléia Legislativa da Bahia (15/02/2007), o governador Jaques Wagner (PT) enterrou de vez o carlismo. Em vez de dominar com mão-de-ferro e corrupção o Judiciário e o Legislativo, como historicamente fez o coronelismo baiano, propôs que “os chefes dos três poderes se reúnam periodicamente para tratar da Agenda Bahia. Uma agenda de prioridades compartilhada pelos três poderes para o desenvolvimento econômico e social da nossa gente”.

Wagner voltou a falar na criação da Controladoria-Geral do Estado, aos moldes da Controlaria-Geral da União (CGU), tese que andava meio encolhida. Reafirmou sua vontade de elaborar o Plano Plurianual do Quadriênio 2008-2011 através da participação popular. E também anunciou que vai reforçar o papel institucional do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, como espaço público de manifestação da sociedade.

Mais adiante deu outro golpe mortal na ideologia carlista ao se dirigir ao empresariado. Acabou o ambiente hostil que levou grandes empresas a se transferir para outros estados. O novo governo rejeita a cultura patrimonialista-familiar aqui desenvolvida durante quatro décadas. Os privilégios acabaram. Ou seja, ninguém mais vai extorquir “pedágio” para que aqui se implantem indústrias e negócios de fora, faltou dizer.

URNAS LIBERTADORAS

Parlamentares encabrestados do PFL e partidos satélites ouviram a proposta atônitos. Este é um marco na política baiana. A Assembléia Legislativa finalmente vai poder exercer sua própria natureza, os juízes e desembargadores vão se livrar do mandonismo e das sentenças ditadas por telefone. Wagner entregou ao presidente da Assembléia, deputado Marcelo Nilo, a sua Mensagem contendo as linhas mestras do governo democrático e popular.

Segundo Wagner, “as urnas não derrotaram um governador. Derrotaram um sistema de autoritarismo, incompetência, falta de transparência desses anos de domínio oligárquico. Derrotaram a insensibilidade com o social, o desrespeito com o povo mais humilde da Bahia”.

RESPOSTA AOS ATAQUES

Wagner não deixou passar em branco os ataques ao PT e ao Governo Lula em 2005, por parte da direita e da mídia tucanalha. Disse que “os episódios de 2005 e da reeleição do presidente Lula evidenciaram que o nosso povo soube discernir o que é publicidade informativa e o que é demagogia. Soube separar o que é a busca da verdade do que é tentativa de lhe impor uma mentira”.

Na contramão do discurso da mídia reacionária, salientou que ninguém pode esquecer do sofrimento e da participação popular na caminhada que o levou ao poder na Bahia, “muito menos esta Casa, que é protagonista de uma das mais nobres atividades humanas – a política”.

“E nas últimas décadas, na Bahia, o povo experimentou o autoritarismo da ditadura e a emergência de uma dominação política que não soube conviver com a liberdade. Uma dominação política que tentou macular nossa história, anulando verdadeiros gigantes do pensamento baiano e, com mistificação, criando mitos. Vamos viver agora um novo tempo, uma nova história, que reconhece nossos verdadeiros heróis”.

FIM DA PERSEGUIÇÃO

Mais adiante deu nova estocada no carlismo: “a Bahia, nas últimas quatro décadas, raramente ouviu qualquer formulação sobre o significado do que seja a natureza republicana de governo. Até porque vivíamos sob a dominação de uma oligarquia completamente avessa à noção do republicanismo. Adotava-se a máxima de aos amigos, tudo; aos inimigos, nem a lei.

“Poderíamos completar que aquela dominação privilegiava apenas a alguns poucos amigos, perseguia com rigor os que considerava inimigos. Em nosso governo, a lei e os princípios constitucionais serão nosso guia. Não haverá privilégios. Não se procurará saber de nenhum cidadão sobre sua preferência partidária, religiosa, de crença. Não se perguntará ao prefeito sobre de que lado está, como se fazia regularmente no passado. O governo republicano não distingue, não discrimina. Inclui, garante o direito de todos” salientou Wagner.

É tudo isso que está enterrando o carlismo. Democracia, liberdade, igualdade, participação popular, em lugar de autoritarismo, perseguição, privilégios e mistificação.

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