17 de janeiro de 2012

 

Poeta baiano Adelmo Oliveira incluído no “Roteiro da Poesia Brasileira”

O reconhecimento tarda, mas, não falha. A Global Editora organizou uma didática coleção da poesia brasileira. A série chama-se “Roteiro da Poesia Brasileira”. Seguem-se os títulos dos volumes: Raizes; Arcadismo; Romantismo; Parnasianismo; Simbolismo; Pré-Modernismo; Modernismo; Anos 30; Anos 40; Anos 50; Anos 60; Anos 70; Anos 80; Anos 90; Anos 2000.

O importantíssimo poeta baiano foi incluído no volume “Anos 60” (que acaba de ser distribuído às livrarias, sem alarde), por seleção de Pedro Lyra, outro importante poeta brasileiro, cearense, ensaísta e crítico, com 19 títulos publicados. É um colaborador do Jornal do Brasil, do Jornal das Letras, Artes e Ideias e da revista Colóquio/Letras de Lisboa. É Mestre em Poética e Doutor em Letras.

Eu concordo com a apresentação do volume. A década de 60 é um ambíguo marco de nossa história, no campo político, introduziu 20 anos de obscurantismo; no campo cultural, motivou uma grandiosa obra de resistência e superação, em todas as áreas.

Na poesia, a década de 60 forjou uma das mais ricas gerações da nossa literatura, em todo o país. Uma geração verdadeiramente nacional. Adelmo Oliveira é protagonista desta geração. Também estão incluídos na série “Anos 60” Myriam de Castro Lima; Florisvaldo Mattos; Antonio Brasileiro; Ildásio Tavares, todos grandes e maravilhosos poetas da Bahia.

De meu amigo Adelmo Oliveira, cuja obra poética consumi e passei a acompanhar desde quando tomei consciência da beleza de seus poemas, Pedro Lyra selecionou “Bilhete, em Prosa, a Leopold Sedar Senghor”; “Soneto da Última Estação (Mitologia Marinha)”; “Uma voz Dentro da Noite”. Sobre ele, Pedro Lyra anota: É um poeta essencialmente lírico, com vigorosas incursões no social (...) faz uma poesia de expressivas sugestões metafóricas, de fundo existencialista”.

Dizer “incursão vigorosa no social” é muito pouco. Em 1971, no auge da  ditadura militar, Adelmo Oliveira teve sua casa invadida, foi preso, e seu livro “O Som dos Cavalos Selvagens” foi confiscado e destruído pelo Ministério da Justiça. Em 1975 foi novamente seqüestrado, torturado, interrogado em local ignorado. A esquerda baiana o elegeu deputado estadual em 1978 pelo MDB. Eu fiz parte desta campanha. Eu sou parte da poesia de Adelmo Oliveira. E sinto-me feliz.


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