7 de janeiro de 2011

 

Albino Rubim: “novo livro de Emiliano José é contribuição para democracia brasileira”

O professor doutor Antonio Albino Canelas Rubim assina o Prefácio do novo livro de Emiliano José intitulado “Jornalismo de campanha e a Constituição de 1988”, editado pela EDUFBA em parceria com a Assembléia Legislativa da Bahia, e que seá lançado no próximo dia 28 de janeiro, às 18h, na Livraria Cultura (Shopping Salvador).

Albino Rubim construiu uma sólida e reconhecida carreira acadêmica na Universidade Federal da Bahia. Em seu currículo tem passagem pela direção da Faculdade de Comunicação, pela direção do Instituto de Humanidades, Artes e Ciências Professor Milton Santos e pela presidência do Conselho Estadual de Cultura da Bahia.


SEGUEM TRECHOS DO PREFÁCIO:

“No ano de 2008 mais uma crise abalou a economia e a sociedade de todo o planeta. Desemprego, fome, sofrimentos, miséria, falência são faces dramáticas da crise mundial. A convicção do chamado “pensamento único” de que o mercado pode tudo – regular a economia, a sociedade, a cultura, enfim, toda vida humana – começou a ser posta em cheque depois de uma brutal hegemonia ideológica nos anos 80 e 90.

Os mais empedernidos partidários e advogados do neoliberalismo não tiveram dificuldades de esquecer – de modo oportunista e momentâneo – todas as afirmações peremptórias feitas acerca das virtudes de um mercado todo poderoso e, sem nenhuma vergonha, recorreram e pediram socorro aos estados nacionais, entes antes tão menosprezados e vilipendiados em suas pregações.

Nenhuma palavra de autocrítica foi pronunciada. Com oportuno pragmatismo, as certezas foram deixadas de lado. O esquecimento do dito e do escrito tornou-se uma postura quase generalizada.

Espantosa e paradoxalmente, a crise com toda a sua força e contundência não conseguiu atingir a grande mídia brasileira. Apenas o proselitismo deixou de ser tão escancarado e aberto.

Na nova circunstância de desmentido cristalino das teses neoliberais da crença cega no oráculo do mercado, a mídia apenas atenuou seu discurso apologético, mas nas entrelinhas continuou destilando muitas e velhas palavras de ordem do pensamento neoliberal contra: o estado, o serviço público, a regulação do mercado e outras verdades tão caras ao deus mercado.

Os colunistas, que há pouco adoravam o todo poderoso, se fizeram de desentendidos e, mais que isto, esconderam a responsabilidade que os desmandos do mercado desregulado tiveram no desencadear da crise. Tão somente desvios particulares foram noticiados e condenados. O sistema capitalista não. O modelo neoliberal tampouco.

(...) O livro de Emiliano José trata justamente da conformação do discurso neoliberal no Brasil, tomando como objeto de estudo a relação entre imprensa e organização legal e institucional da sociedade brasileira, através de sua lei maior, a Constituição Federal.

Eis aqui, com toda sua potência, uma das marcas da atualidade deste livro: sua fina sintonia com a necessidade de desvelar a impregnação da ideologia neoliberal no País, em especial em alguns de seus setores mais poderosos, como é o caso da mídia.

(...) O livro trata de tema atualíssimo. Mas sua atualidade advém igualmente daquilo que Evelina Dagnino chamou de “convergência perversa”, ou seja, a infelizmente simultaneidade temporal que obrigou o embate entre o discurso democrático, construído coletivamente na luta contra a ditadura, e o discurso neoliberal que aportou no País nesta conjuntura.

Emiliano José resgata criticamente a atuação perversa da imprensa, como agente de primeira hora e linha, neste embate que fez prevalecer a ideologia neoliberal no País, tomada como ideário imprescindível para a modernização e inserção do Brasil no novo mundo globalizado.

(...) A leitura do livro de Emiliano José (...) inscreve-se na boa luta ideológica para transformar o Brasil em um país mais democrático, justo, solidário, sustentável e culturalmente diversificado”.

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