5 de janeiro de 2010

 

Poetinha Vinicius de Moraes promovido post mortem

Coube ao deputado federal Emiliano José (PT-BA), como relator, dar um Parecer sobre o projeto de lei da autoria do Poder Executivo, promovendo post mortem o diplomata Marcus Vinicius da Cruz de Mello de Moraes, a ministro de Primeira Classe da Carreira de Diplomata.

É um belo texto, impossível de aqui reproduzir. No Voto do Relator, Emiliano José pergunta: o que terá feito de Vinicius de Moraes um diplomata? E como conseguiu ele tanto pendor criativo, tanta explosão musical, tanta veia poética, tanto violão, tanta bossa nova, com os rigores da carreira do Itamarati? O parlamentar vai em busca de uma resposta, entra pela vida adentro do poetinha. Lê Ruy Castro e tenta entender porque o poeta se perdia sempre de amor. Se depara com um verso: “não importa. O que importa é ir embora/pela alegria de buscar a aurora/e pela dor de caminhar sozinho”.

O voto do relator pesquisa a biografia do poeta. Lembra que em 1968 ele é afastado do Itamaraty pelo AI-5. “A ditadura radicalizava, mostrava sua verdadeira face. Não podia conviver com um homem como Vinicius. Morra a cultura, viva a morte. É a palavra de ordem das ditaduras, sempre. Poetas não rimam com ditaduras. Lorca não rimou com Franco, Vinicius não rimou com Costa e Silva”.

A proposição, portanto, resgata uma dívida histórica ao dispor sobre o reconhecimento de um cidadão brasileiro que, como servidor público, na carreira da diplomacia, merece ser promovido post mortem, uma vez que foi arbitrariamente expulso do Itamaraty durante a ditadura militar. Como foi mesmo que o marechal Costa e Silva se referiu ao poetinha? “Demita-se esse vagabundo”, escreveu o fascistão.

O deputado Emiliano José termina assim seu Parecer: “Quando já muito doente, às vésperas de sua morte, em entrevista, um repórter perguntou a Vinicius se ele estava com medo da morte, ele, calmamente, respondeu: “Eu não estou com medo da morte. Estou é com saudades da vida”. É assim que morre um poeta. Com saudades da vida, sem medo da morte. Assim morreu Vinicius. Para ser lembrado eternamente pelo seu País. Pela aprovação do PL 6417”.

VALE A PENA LER NA ÍNTEGRA

Comments:
Pessoalmente, creio que o ministro Viícius, diplomada e poeta, vale mais do que qualquer ministério indicado. Bom registro. Dê parabens par Emiliano.
 
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