23 de novembro de 2009
Seminário homenageia o líder camponês Manoel da Conceição
O líder camponês Manoel da Conceição, fundador do PT, foi homenageado nesta segunda-feira (23.11) durante o III Seminário Latino-Americano de Anistia e Direitos Humanos, que acontece até esta terça-feira (24.11) no auditório Nereu Ramos, da Câmara dos Deputados.
Manoel da Conceição recebeu das mãos do ex-governador do Maranhão, Jackson Lago, uma condecoração que dizia: "Aqueles que lutam toda vida, esses são imprescindíveis".
O líder camponês agradeceu a homenagem de "coração e alma", em nome de todos os companheiros que lutaram pela defesa dos Direitos Humanos na ditadura militar. Ele se emocionou ao falar dos militantes desaparecidos.
"Ainda hoje choro e lamento a perda de companheiros que eu tanto amava e nunca mais foram vistos, simplesmente desapareceram. Os responsáveis nunca disseram, pelo menos, se meus companheiros estão no mar, na floresta, ou debaixo do nosso chão", disse Manoel.
O deputado Domingos Dutra (PT-MA), integrante da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara, enalteceu a homenagem a Manoel da Conceição.
"É um símbolo da resistência contra o arbítrio e da construção de uma sociedade socialista. Foi exilado e, ao retornar ao Brasil, ajudou a fundar o Partido dos Trabalhadores, a construir a Central Única de Trabalhadores, além de ter fundado o Centro de Educação e Cultura do Trabalhador Rural, voltado para educação libertadora dos camponeses", lembrou Dutra.
Manoel da Conceição, durante a ditadura militar, integrou a direção nacional da Ação Popular. Era o líder dos camponeses do Vale do Pindaré-Mirim, no Maranhão. Vivi ali a experiência da clandestinidade, em plena floresta pré-amazônica, sempre acompanhando Manoel da Conceição. Comendo carne de caça, peixe do rio Pindaré e arroz branco e derrubando a machado a floresta.
Quando dei por encerrada minha participação no Vale do Pindaré-Mirim, voltei para Minas Gerais, cumpri a pena de seis meses, sentenciada à revelia e depois me radiquei na Bahia. Virei jornalista. Em 1973 me prenderam novamente. Foram três meses de tortura. Então, dependurado no pau-de-arara no DOPS de Recife, os torturadores diziam: “Ah! Você escapou em 1972, cumpriu pena sem ser interrogado, mas agora vamos descontar” e haja choque elétrico. Foi quando mataram José Carlos da Mata Machado e Gildo Lacerda. O corpo de Mata Machado eles devolveram, com os olhos furados e a lingua e orelhas cortadas. O corpo de Gildo Lacerda nunca apareceu.
Passados dois anos nada havia para contar. Manoel da Conceição já tinha sido preso, barbaramente torturado e na Europa se fazia imensa campanha contra a prisão do líder camponês. Só fui encontrar Manoel da Conceição nos anos 80, quando ele passou por Salvador. Manoel da Conceição nunca se rendeu.
Manoel da Conceição recebeu das mãos do ex-governador do Maranhão, Jackson Lago, uma condecoração que dizia: "Aqueles que lutam toda vida, esses são imprescindíveis".
O líder camponês agradeceu a homenagem de "coração e alma", em nome de todos os companheiros que lutaram pela defesa dos Direitos Humanos na ditadura militar. Ele se emocionou ao falar dos militantes desaparecidos.
"Ainda hoje choro e lamento a perda de companheiros que eu tanto amava e nunca mais foram vistos, simplesmente desapareceram. Os responsáveis nunca disseram, pelo menos, se meus companheiros estão no mar, na floresta, ou debaixo do nosso chão", disse Manoel.
O deputado Domingos Dutra (PT-MA), integrante da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara, enalteceu a homenagem a Manoel da Conceição.
"É um símbolo da resistência contra o arbítrio e da construção de uma sociedade socialista. Foi exilado e, ao retornar ao Brasil, ajudou a fundar o Partido dos Trabalhadores, a construir a Central Única de Trabalhadores, além de ter fundado o Centro de Educação e Cultura do Trabalhador Rural, voltado para educação libertadora dos camponeses", lembrou Dutra.
Manoel da Conceição, durante a ditadura militar, integrou a direção nacional da Ação Popular. Era o líder dos camponeses do Vale do Pindaré-Mirim, no Maranhão. Vivi ali a experiência da clandestinidade, em plena floresta pré-amazônica, sempre acompanhando Manoel da Conceição. Comendo carne de caça, peixe do rio Pindaré e arroz branco e derrubando a machado a floresta.
Quando dei por encerrada minha participação no Vale do Pindaré-Mirim, voltei para Minas Gerais, cumpri a pena de seis meses, sentenciada à revelia e depois me radiquei na Bahia. Virei jornalista. Em 1973 me prenderam novamente. Foram três meses de tortura. Então, dependurado no pau-de-arara no DOPS de Recife, os torturadores diziam: “Ah! Você escapou em 1972, cumpriu pena sem ser interrogado, mas agora vamos descontar” e haja choque elétrico. Foi quando mataram José Carlos da Mata Machado e Gildo Lacerda. O corpo de Mata Machado eles devolveram, com os olhos furados e a lingua e orelhas cortadas. O corpo de Gildo Lacerda nunca apareceu.
Passados dois anos nada havia para contar. Manoel da Conceição já tinha sido preso, barbaramente torturado e na Europa se fazia imensa campanha contra a prisão do líder camponês. Só fui encontrar Manoel da Conceição nos anos 80, quando ele passou por Salvador. Manoel da Conceição nunca se rendeu.