20 de novembro de 2007

 

Ex-ministro Nilmário Miranda lança livro sobre a vida de Teófilo Ottoni

O jornalista, ex-ministro da Secretaria Especial de Direitos Humanos, vice-presidente da Fundação Perseu Abramo e atual presidente do PT-MG, Nilmário Miranda, lançou no dia 19 de novembro, em Belo Horizonte, o livro "Teófilo Ottoni, a República e a Utopia do Mucuri".

O livro, editado pela Editora Caros Amigos, com apoio de instituições sociais, públicas e privadas (ECT, Prefeitura de Ouro Preto, Governo Federal, Instituto Solidarium, BB Seguros Auto) faz parte das comemorações do Bicentenário de Nascimento de Teófilo Benedito Ottoni, importante personagem da história política de Minas Gerais e do Brasil no século 19.

O lançamento do novo livro de Nilmário Miranda foi realizado no auditório da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte (avenida Afonso Pena, 1212, Centro).

Nilmário Miranda é autor das seguintes obras:

Dos Filhos Deste Solo – A Responsabilidade Objetiva do Estado sobre os Mortos e Desaparecidos Políticos (Editora Boitempo/Fundação Perseu Abramo) em parceria com Carlos Tibúrcio.

Memória Essencial – A Trajetória Vitoriosa do PT em Minas (Editora Segrac,2003).

Por que Direitos Humanos (Editora Autêntica, 2006).

Texto na produção coletiva “Tiradentes, um Presídio da Ditadura”, organizado por Alípio Freire.

Texto em “Quem está Escrevendo a História”, organizado pela Comunidade Baha`i.

LEIA ARTIGO DO JORNAL HOJE EM DIA (MG)

Coluna Carlos Lindenberg
Autor Adriano Souto
Página: 4
Terça-feira, 20 de Novembro de 2007

Teófilo Ottoni, Ontem e Hoje
Nascido no Serro, a Vila do Príncipe, Teófilo Benedito Ottoni foi um dos principais políticos do Brasil Império, um idealista que esteve à frente do seu tempo, segundo história resgatada no livro «Teófilo Ottoni, a República e a Utopia do Mucuri», lançado ontem, em Belo Horizonte, pelo ex-ministro dos Direitos Humanos, Nilmário Miranda.

Belo-horizontino de nascimento, mas criado desde um mês de idade em Filadélfia, primeiro nome da cidade fundada por Teófilo Ottoni, Nilmário é qualificado para escrever a respeito do político que ele tem como exemplo de vida pública, especialmente quando se vai comemorar, no próximo dia 27, o bicentenário de nascimento de um dos mais aguerridos filhos de Minas. «Ao morrer, Teófilo Ottoni era uma figura quase mitológica (...) Era o homem mais popular do país sob o Império», documenta Nilmário.

Teófilo Ottoni bebeu na fonte dos ideários da revolução norte-americana do século XVIII - daí o nome Filadélfia à ’capital’ do Vale do Mucuri -, além da francesa, tanto na tradição jacobina quanto no positivismo do século XIX.
Nada mais atual do que os fatos narrados no livro. Parece que estamos vivendo no Império e que, em 200 anos, nada mudou. Nilmário registra, por exemplo, que em 1774 o Congresso de Filadélfia, nos Estados Unidos, no qual Ottoni se inspirou, definiu o estatuto clássico das liberdades civis, da idéia federativa, da igualdade, dos direitos naturais, da garantia e proteção dos direitos individuais e do «direito à revolução quando os governos se inclinarem pela tirania». Lembrou-me a Venezuela de hoje, de Hugo Chávez.

Ottoni chegou a pegar em armas, aqui em Minas, contra o Império, por acreditar no «direito à revolução» da Carta de Filadélfia. No dia 6 de maio de 1842, começa a revolução em São Paulo, com o apoio de Minas. Ottoni, conspirando no Rio de Janeiro, recebe a notícia de que os paulistas rebeldes foram sufocados perto de Campinas pelo Barão de Caxias. Ele rompe o cerco até Barbacena e reúne 3 mil revolucionários em Santa Luzia, onde se acantonaram à espera das tropas de Caxias. Ottoni poderia resistir, mas se recusa a ver correr o sangue nos campos de Minas. Foi preso e detido na cadeia de Ouro Preto.

Ottoni era radicalmente contra o «beija-mão», que ainda vigora hoje em todos os níveis de governo; sonhava com estradas de rodagem (hoje, estaria defendendo a aplicação do imposto dos combustíveis, a Cide, para consertar os buracos das rodovias mineiras); e lamentava que a Independência, liderada por Pedro I, não tenha implantado a liberdade almejada. As ’elites brancas’ e o estamento burocrático mantiveram o essencial do sistema que vinha do colonialismo. E continua mantendo, haja vista os lucros dos últimos balanços dos bancos brasileiros. Continuamos colonizados.

Apesar da Independência clamada pelos inconfidentes de 1789 e pelos pernambucanos de 1817, Nilmário registra no livro que continuava vivo o velho bordão «Façamos a revolução antes que o povo a faça». Hoje, o povo clama - e não encontra - apoio na luta diante da maior seca do Norte de Minas, onde não chove desde fevereiro. As autoridades parecem não enxergar, como há 200 anos, a real situação. No Mucuri de Ottoni, grassa a seca e o desemprego, ontem e hoje. Não fosse o Bolsa Família e as cidades, até mesmo a velha Filadélfia, estariam invadidas hoje por legiões de famintos.

Engana-se, porém, quem acha que o Bolsa Família sozinho seja capaz de conter a correnteza. Em Montes Claros, os jornais contam, um a um, cada homicídio deste ano. A manchete do último sábado foi: «Execução número 68», dentre as vítimas, cerca de 40 jovens, a maioria por causa de dívidas com o tráfico de drogas, como nos grandes centros. Hoje, em Montes Claros, existem favelas onde a Polícia não entra, como a do «Feijão Semeado», próxima da usina de biodiesel da Petrobras. Só o Bolsa Família não basta. «Façamos a revolução antes que o povo a faça», diria Teófilo Ottoni.

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