27 de julho de 2006

 

Senadores vão assistir filme "Zuzu Angel"

Na próxima quarta-feira, 2 de agosto, o filme “Zuzu Angel” será apresentado em avant première no Congresso Nacional, patrocinada pelo Senado. Assim como o filme “Lamarca” - também do diretor Sérgio Rezende - explodiu em 1994, Zuzu Angel está destinado a causar grande impacto. A atriz Patrícia Pillar interpreta o papel de Zuzu Angel, a famosa estilista, mãe de Stuart Edgard Angel, militante revolucionário assassinado barbaramente na Base Aérea do Galeão, em 1971, aos 25 anos de idade, no auge da violência da ditadura militar comandada pelo general Emílio Garrastazu Médici. Daria tudo para ver a cara-de-pau de senadores que apoiaram a ditadura, ACM, Rodolfo Tourinho, César Borges...

A história é trágica. As torturas foram reveladas pelo preso político Alex Polari, que a tudo assistiu. O livro “Lamarca, O Capitão da Guerrilha” (Emiliano José e Oldack Miranda), em 1981, ainda em plena ditadura, contou que o Brigadeiro João Paulo Burnier, Chefe da Zona Aérea, comandou a barbárie, arrastando Stuart com a boca colada no cano de descarga de um jipe da Aeronáutica. O prisioneiro, militante do MR-8, morreu por asfixia, intoxicado pelo monóxido de carbono, com o corpo dilacerado. E não falou onde estava Lamarca.

Zuzu Angel era uma estilista vitoriosa, com espaço nas vitrines da Quinta Avenida, em Nova York. Kim Novak, Liza Minelli, Joan Crawford e Margot Fonteyn eram suas clientes. TRANSFORMOU-SE EM MÃE-CORAGEM, quando soube dos detalhes escabrosos do assassinato de Stuart Angel, e passou a afrontar abertamente os militares. Mobilizou a opinião pública internacional, entregou carta ao famigerado Henry Kissinger, então Secretário de Estado dos EUA, e denunciou a tortura do regime militar. Avisou aos amigos que seria assassinada. Em abril de 1976, morreu num mal explicado acidente de carro no túnel Dois Irmãos, na Estrada da Gávea (RJ).

Uma semana antes do acidente, causado por agentes da repressão política, segundo as suspeitas, Zuzu Angel visitou o cantor e compositor Chico Buarque de Holanda e deixou com ele um documento para ser divulgado caso algo lhe acontecesse. Sua força inspirou Chico Buarque que compôs a música Angélica, que diz assim:

Quem é essa mulherQue canta sempre esse estribilhoSó queria embalar meu filhoQue mora na escuridão do mar
Quem é essa mulherQue canta sempre esse lamentoSó queria lembrar o tormentoQue fez o meu filho suspirar
Quem é essa mulherQue canta sempre o mesmo arranjoSó queria agasalhar meu anjoE deixar seu corpo descansar
Quem é essa mulherQue canta como dobra um sinoQueria cantar por meu meninoQue ele já não pode mais cantar.

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