25 de agosto de 2009
“Em 40 anos de profissão nunca vi a mídia tão partidarizada”
A expressão é do jornalista veterano, Luiz Carlos Azenha, em seu blog Vi o Mundo. No texto intitulado “Estudem os golpes midiáticos”, ele afirma que jamais havia testemunhado um fenômeno como o de Lina Vieira. “A mídia martela uma tese e simplesmente descarta todas as outras que possam contradizer aquela tese. Uma tese bancada por Agripino Maia. Uma tese que tem o objetivo de carimbar Dilma Rousseff como "mentirosa". Que faz parte da campanha para demonizar a candidata do governo. Que, em minha opinião, obedece a uma campanha milimetricamente traçada por marqueteiros de José Serra e executada por prepostos dos Civita, Marinho, Frias e Mesquita”.
Então, ele pergunta:
Onde estava Lina Vieira na tarde do dia 19 de dezembro? Dentro de um avião, voando para Natal. E Dilma? Depois de reuniões em Brasília, também viajou. Se não foi naquele dia o suposto encontro entre a ex-secretária da Receita Federal e a ministra, quando foi? Baixou um silencio espetacular nos jornais, nas rádios e nas telas da TV. Um silêncio ensurdecedor.
[Para quem estava em outro planeta, no encontro a ex-secretária disse que Dilma Rousseff pediu a ela que interferisse indevidamente em uma ação da Receita Federal contra o filho do presidente do Senado, José Sarney. A ministra nega o encontro.]
Então, ele pergunta:
Onde estava Lina Vieira na tarde do dia 19 de dezembro? Dentro de um avião, voando para Natal. E Dilma? Depois de reuniões em Brasília, também viajou. Se não foi naquele dia o suposto encontro entre a ex-secretária da Receita Federal e a ministra, quando foi? Baixou um silencio espetacular nos jornais, nas rádios e nas telas da TV. Um silêncio ensurdecedor.
[Para quem estava em outro planeta, no encontro a ex-secretária disse que Dilma Rousseff pediu a ela que interferisse indevidamente em uma ação da Receita Federal contra o filho do presidente do Senado, José Sarney. A ministra nega o encontro.]
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"Dilma, a mentirosa", e Getúlio
A suposta conversa da a ex-secretária da Receita Federal Lina Maria Vieira com a ministra e presidenciável petista Dilma Rousseff produziu, ao final, mais um tiro no pé do bloco oposicionista-midiático. Desde o depoimento de Lina no Senado, na última terça-feira (18), a versão de "Dilma, a mentirosa" foi murchando até se transformar no seu contrário.
Foi decisiva, nessa evolução, a contribuição de uma internet globosferizada, em que a informação não é unidirecional. As contradições da denunciante foram sendo impiedosamente apontadas por uma legião de internautas atentos, jornalistas ou não. A última tentativa, fixando o suposto encontro no dia 19 de dezembro, sucumbiu ao confronto das agendas das duas, também expostas na web: pela manhã, Dilma estava em atividade pública em Brasília; enquanto à tarde Lina se achava em Natal, onde mora.
Ponto contra o líder do DEM no Senado, José Agripino Maia, que na semana anterior preparou Lina em duas conversas, primeiro por telefone, depois recebendo a ex-secretária em sua casa. Agripino, aliás, é reincidente em tentativas malogradas de aplicar a Dilma a pecha de "mentirosa". Da outra vez, ao questionar a ministra em maio do ano passado, por "mentir" sob tortura, nos porões da ditadura, o próprio senador teve de reconhecer a derrota.
Desde então, quantas cascas de banana foram atiradas à candidata do presidente Lula à sua própria sucessão? E quantas virão amanhã e depois?
A usina das denúncias trabalha a todo vapor. Quando uma se vai, parte para a próxima. Daqui por diante, nos 13 meses e pico até a eleição de 2010, vai ser assim. Um bombardeio de saturação, onde o que importa não é tanto a pontaria de cada disparo, mas a copiosidade das rajadas, na esperança de que algum tiro afinal há de acertar. O próprio Lula, por sinal em Ipanguaçu, RN, terra de Agripino, observou que "uma oposição, quando não tem argumento para fazer oposição, é pior do que doença que não tem cura. Eles ficam inventando qualquer coisa, vale qualquer coisa para fazer ataque às pessoas", advertiu.
Esse cenário requer nervos fortes para permanecer do lado do governo. Com o presidente protegido por uma popularidade que zomba do tiroteio adverso, os disparos voltam-se para o entorno presidencial.
Que o diga o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). Que o diga a bancada senatorial do PT, e seu líder, Aloysio Mercadante (SP), submetidos nos últimos dias a um jogo de ameaças e seduções tão sórdidas como escancaradas.
No 55º aniversário do tiro no peito que fez o presidente Getúlio Vargas deixar a vida para entrar na história, vale lembrar que esse joguinho sujo, vil, mesquinho, é uma antiga especialidade da elite conservadora brasileira. Getúlio morreu acossado pela chuva de denúncias do "Mar de Lama", pelo jornalismo infame de Carlos Lacerda, pelos prenúncios do que dez anos depois viria a ser o golpe militar.
E no entanto, vale também assinalar que essa politiquice velhaca que teve na UDN a sua matriz não enganou nem engana a maioria dos brasileiros. Nem em 1954, nem hoje.
Duas gerações mais tarde, a história e a memória do povo rendem tributo à grandeza de Getúlio Vargas, enquanto desprezam e enjeitam seus liliputianos detratores. Este mesmo combate terá sua continuação e atualização em 2010. O eleitor brasileiro, escolado por uma inédita sucessão de cinco eleições presidenciais consecutivas sem quebra da ordem democrática, dispõe de ferramentas novas e muito mais certeiras para distinguir a verdade da mentira.
EDITORIAL
VERMELHO
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A suposta conversa da a ex-secretária da Receita Federal Lina Maria Vieira com a ministra e presidenciável petista Dilma Rousseff produziu, ao final, mais um tiro no pé do bloco oposicionista-midiático. Desde o depoimento de Lina no Senado, na última terça-feira (18), a versão de "Dilma, a mentirosa" foi murchando até se transformar no seu contrário.
Foi decisiva, nessa evolução, a contribuição de uma internet globosferizada, em que a informação não é unidirecional. As contradições da denunciante foram sendo impiedosamente apontadas por uma legião de internautas atentos, jornalistas ou não. A última tentativa, fixando o suposto encontro no dia 19 de dezembro, sucumbiu ao confronto das agendas das duas, também expostas na web: pela manhã, Dilma estava em atividade pública em Brasília; enquanto à tarde Lina se achava em Natal, onde mora.
Ponto contra o líder do DEM no Senado, José Agripino Maia, que na semana anterior preparou Lina em duas conversas, primeiro por telefone, depois recebendo a ex-secretária em sua casa. Agripino, aliás, é reincidente em tentativas malogradas de aplicar a Dilma a pecha de "mentirosa". Da outra vez, ao questionar a ministra em maio do ano passado, por "mentir" sob tortura, nos porões da ditadura, o próprio senador teve de reconhecer a derrota.
Desde então, quantas cascas de banana foram atiradas à candidata do presidente Lula à sua própria sucessão? E quantas virão amanhã e depois?
A usina das denúncias trabalha a todo vapor. Quando uma se vai, parte para a próxima. Daqui por diante, nos 13 meses e pico até a eleição de 2010, vai ser assim. Um bombardeio de saturação, onde o que importa não é tanto a pontaria de cada disparo, mas a copiosidade das rajadas, na esperança de que algum tiro afinal há de acertar. O próprio Lula, por sinal em Ipanguaçu, RN, terra de Agripino, observou que "uma oposição, quando não tem argumento para fazer oposição, é pior do que doença que não tem cura. Eles ficam inventando qualquer coisa, vale qualquer coisa para fazer ataque às pessoas", advertiu.
Esse cenário requer nervos fortes para permanecer do lado do governo. Com o presidente protegido por uma popularidade que zomba do tiroteio adverso, os disparos voltam-se para o entorno presidencial.
Que o diga o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). Que o diga a bancada senatorial do PT, e seu líder, Aloysio Mercadante (SP), submetidos nos últimos dias a um jogo de ameaças e seduções tão sórdidas como escancaradas.
No 55º aniversário do tiro no peito que fez o presidente Getúlio Vargas deixar a vida para entrar na história, vale lembrar que esse joguinho sujo, vil, mesquinho, é uma antiga especialidade da elite conservadora brasileira. Getúlio morreu acossado pela chuva de denúncias do "Mar de Lama", pelo jornalismo infame de Carlos Lacerda, pelos prenúncios do que dez anos depois viria a ser o golpe militar.
E no entanto, vale também assinalar que essa politiquice velhaca que teve na UDN a sua matriz não enganou nem engana a maioria dos brasileiros. Nem em 1954, nem hoje.
Duas gerações mais tarde, a história e a memória do povo rendem tributo à grandeza de Getúlio Vargas, enquanto desprezam e enjeitam seus liliputianos detratores. Este mesmo combate terá sua continuação e atualização em 2010. O eleitor brasileiro, escolado por uma inédita sucessão de cinco eleições presidenciais consecutivas sem quebra da ordem democrática, dispõe de ferramentas novas e muito mais certeiras para distinguir a verdade da mentira.
EDITORIAL
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