4 de junho de 2008
"Coleção de equívocos" da Folha em nova matéria contra o PT
O ombudsman da Folha de S.Paulo, Carlos Eduardo Lins da Silva, não vai durar muito na função. Ele apontou em sua coluna de domingo (1) a “coleção de equívocos” de reportagem publicada pelo jornal na segunda-feira anterior, na qual sugere o suposto benefício, por parte do governo federal, a empresas que fizeram doações ao PT em 2007.
Lins da Silva lembrou o óbvio para repórteres e editores da Folha:
1) que as doações são legais e registradas no TSE;
2) que as empresas em questão estão entre as maiores do país, sendo natural, portanto, que vençam disputas por contratos de obras públicas;
3) que não há qualquer suspeita de irregularidade na obtenção de tais contratos.
O ombudsman comenta que estas mesmas empresas também doaram ao PSDB e igualmente receberam contratos dos governos administrados por este partido, com uma diferença: no caso dos tucanos, os valores são muito maiores. “Mas o destaque tanto na primeira página quanto nas internas foi para as doações ao PT”, questiona ele.
Leia abaixo a íntegra do comentário:
DOAÇÕES A PARTIDOS
Em minha opinião e na dos 14 leitores que se manifestaram sobre o assunto ao ombudsman a reportagem que a Folha publicou na segunda sobre doações a partidos colecionou equívocos.
Ela mostra, com tom de denúncia, que grandes empresas que fizeram doações ao PT em 2007 receberam por serviços prestados ao governo federal no segundo mandato do presidente Lula quantia 54 vezes maior do que a doada.
As doações foram legais e são públicas. O jornal, ao questioná-las, pode passar a impressão de não aprovar esse tipo de operação prevista na legislação. Não preferirá, de certo, que se faça uso de caixa dois e de clandestinidade.
Por serem grandes empresas, é natural que elas viessem a receber grandes contratos do governo federal. Se as licitações e concorrências que venceram também não apresentam irregularidades, não há razão para espanto.
Em todos os países em que doações a partidos políticos são permitidas pela lei, é comum que grandes corporações as façam a todas as agremiações políticas em condições de chegar ao poder. No Brasil, não é exceção.
Tanto é assim, que em retranca separada e menor, não mencionada na capa, o jornal registrou que ao menos algumas das mesmas empresas também doaram ao PSDB e receberam por serviços prestados aos governos de São Paulo e Minas Gerais.
O mais estranho é que quem se dispôs a fazer as contas descobriu que a relação entre o doado e o recebido no caso do PSDB é muito maior do que no caso do PT. Mas o destaque tanto na primeira página quanto nas internas foi para as doações ao PT.
Lins da Silva lembrou o óbvio para repórteres e editores da Folha:
1) que as doações são legais e registradas no TSE;
2) que as empresas em questão estão entre as maiores do país, sendo natural, portanto, que vençam disputas por contratos de obras públicas;
3) que não há qualquer suspeita de irregularidade na obtenção de tais contratos.
O ombudsman comenta que estas mesmas empresas também doaram ao PSDB e igualmente receberam contratos dos governos administrados por este partido, com uma diferença: no caso dos tucanos, os valores são muito maiores. “Mas o destaque tanto na primeira página quanto nas internas foi para as doações ao PT”, questiona ele.
Leia abaixo a íntegra do comentário:
DOAÇÕES A PARTIDOS
Em minha opinião e na dos 14 leitores que se manifestaram sobre o assunto ao ombudsman a reportagem que a Folha publicou na segunda sobre doações a partidos colecionou equívocos.
Ela mostra, com tom de denúncia, que grandes empresas que fizeram doações ao PT em 2007 receberam por serviços prestados ao governo federal no segundo mandato do presidente Lula quantia 54 vezes maior do que a doada.
As doações foram legais e são públicas. O jornal, ao questioná-las, pode passar a impressão de não aprovar esse tipo de operação prevista na legislação. Não preferirá, de certo, que se faça uso de caixa dois e de clandestinidade.
Por serem grandes empresas, é natural que elas viessem a receber grandes contratos do governo federal. Se as licitações e concorrências que venceram também não apresentam irregularidades, não há razão para espanto.
Em todos os países em que doações a partidos políticos são permitidas pela lei, é comum que grandes corporações as façam a todas as agremiações políticas em condições de chegar ao poder. No Brasil, não é exceção.
Tanto é assim, que em retranca separada e menor, não mencionada na capa, o jornal registrou que ao menos algumas das mesmas empresas também doaram ao PSDB e receberam por serviços prestados aos governos de São Paulo e Minas Gerais.
O mais estranho é que quem se dispôs a fazer as contas descobriu que a relação entre o doado e o recebido no caso do PSDB é muito maior do que no caso do PT. Mas o destaque tanto na primeira página quanto nas internas foi para as doações ao PT.