20 de agosto de 2007

 

Há 200 anos nascia Theóphilo Benedicto Ottoni, um político revolucionário com idéias adiante de seu tempo

Em novembro próximo, o Brasil comemora o bicentenário de Theóphilo Benedicto Ottoni.

A história oficial ainda lhe nega o devido reconhecimento.

É um herói da pátria cuja memória deve ser reverenciada.

A história oficial costuma homenagear seu algoz, soldado violento, autoritário, sem ética, que viria a ser conhecido como Duque de Caxias. Nascido a 27 de novembro de 1807, na Vila Príncipe, mais tarde município do Serro (MG), Theóphilo Benedicto Ottoni foi um dos líderes da Revolução Liberal de 1842 em Minas Gerais. Derrotado, foi preso pelas forças imperiais, sendo obrigado a marchar sete dias a pé de Santa Luzia (MG) até a capital Ouro Preto, conduzido pelo serviçal do Imperador, o Duque de Caxias.

Discurso inflamado, pena afiada, escreveu para vários jornais e chegou a publicar o Sentinella do Serro, na linha do revolucionário jornalista liberal Cipriano Barata. Anistiado por D. Pedro II, foi eleito algumas vezes para o Senado, mas seu nome era sempre vetado pelo Imperador.

Os exemplares do Sentinella do Serro desapareceram dos arquivos. Assim como os arquivos da ditadura de 1964.

Somente conseguiu empossar-se senador depois de 1864, quando os liberais já contavam com a simpatia de D. Pedro II. Agitou a política no segundo governo Imperial. Por seus ideais revolucionários foi deputado provincial por Minas Gerais (1835-1838) e por três vezes deputado geral (1838/1841; 1845/1848 e 1861/1863). No Senado esteve de 1864 a 1869).

FOI O CRIADOR DO COSTUME DE ACENAR COM UM LENÇO BRANCO PARA O POVO, GESTO QUE SE TORNOU O SÍMBOLO DO LIBERALISMO BRASILEIRO. COMO FOI GUARDA-MARINHA FICOU CONHECIDO COMO O CAPITÃO DA CASACA BRANCA.

Abandonou a política em 1850, para não sujar as mãos. Foi o colonizador do Nordeste Mineiro. Em 1847, realiza a primeira viagem ao Vale do Rio Mucuri e fundou a Companhia de Comércio e Navegação do Rio Mucuri. Em 1853 iniciou o processo de exploração e colonização do Vale do Mucuri, fundando Filadélfia, hoje município Teófilo Otoni.

Promoveu a navegação do rio Mucuri, construiu a estrada Santa Clara, que existe até hoje ligando Teófilo Otoni ao litoral da Bahia. Rejeitou a política de extermínio indígena com base na “guerra justa” dos bandeirantes paulistas, incentivou a vinda de imigrantes europeus e combateu a escravidão.

Seus projetos ainda são exemplos para os nossos dias, como a integração dos vales do Mucuri e do rio Jequitinhonha com o resto do país através do transporte intermodal (rodovias, ferrovias, navegação fluvial e marítima), que garantiu promoção social, econômica e política para uma população significativa da época, cerca de 200 mil pessoas.

Voltou à política (1860), assumiu a chefia do Partido Liberal, desempenhou papel de destaque como líder popular na Questão Christie, episódio em que cinco barcos brasileiros foram aprisionados por navios ingleses em represália ao naufrágio do Prince of Wales na costa do Rio Grande do Sul e elegeu-se senador (1864).

Costumo dizer que, se vivo fosse, estaria no Partido dos Trabalhadores lutando pela ampliação da cidadania e contra todas as formas de opressão e autoritarismo. Suas idéias continuam vivas e atuais.

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