19 de julho de 2006

 

Cientistas desmascaram revista Veja no caso do cacau da Bahia

A revista Veja publicou recentemente duas matérias sobre o suposto terrorismo biológico que teria dizimado a cultura do cacau na Bahia. A primeira foi com base nas denúncias de um administrador desempregado, sr Luiz Henrique Franco Timóteo. A segunda matéria foi baseada em depoimentos de duas biólogas: a fitopatologista Karina Gramacho e a pesquisadora Maricília Arruda, da Universidade de Brasília. Ambas afirmam que o repórter Policarpo Júnior publicou declarações que elas não prestaram. Maricília Arruda enviou uma carta à revista Veja, que nunca foi publicada.

A manipulação da revista Veja foi revelada em e-mails que circularam, e ainda circulam, entre membros da comunidade científica nacional, que trabalham com pesquisas sobre o genoma da Crinipellis Perniciosa (o fungo que atacou e dizimou os cacauais na Bahia e Amazônia). Maricília dá detalhes de como foi o contato de Policarpo Júnior com ela, por telefone. “Ele me ligou dizendo ter conhecimento de que minha tese de doutorado era sobre o Crinipellis e fez um monte de perguntas”.

Mas se mostrou indignada com a postura da revista e revela que “me foram atribuídas declarações incorretas, como por exemplo, de que eu teria dito que isolados agressivos poderiam ter “matado” os demais. Não dei estas declarações à revista”. O objetivo da revista era contestar a declaração do pesquisador e PHD Gonçalo Pereira, da Unicamp, publicada em A Tarde.

Este pesquisador disse que tinha certeza de que a introdução da vassoura-de-bruxa foi criminosa, mas achava a versão de Timóteo “inconsistente e mentirosa” pois, da forma que foi narrada, o Sul da Bahia não poderia ter apenas duas variedades de fungo. Maricília Arruda conta que, além de alterar suas declarações, a revista se negou a publicar uma carta contestando a matéria.

Já a bióloga Karina Gramacho revelou que em nenhum momento questionou a pesquisa de Gonçalo nem disse que "pode não ter sido tão abrangente". A Veja ligou para a bióloga altas horas da noite para entrevistá-la, no dia 21 de junho. "Falei que não gostaria de emitir nenhuma opinião por telefone, porque estava viajando, porque os estudos que eu estava conduzindo estavam em andamento e por não ter sido ainda publicados. Assim, não teci comentários a respeito de nenhum estudo".

Aos poucos a história montada pelo sr Luiz Henrique Franco Timóteo vai caindo em contradições e sendo desmontada. Ele produziu documentos que têm contradições sobre como os primeiros fungos foram trazidos para o sul da Bahia. Na Veja Timóteo teria dito que fez a primeira viagem até Porto Velho, em Rondônia, saindo de ônibus de Ilhéus. Já no documento, o denunciante afirma que os primeiros galhos infetados foram trazidos pelo ceplaqueano Jonas Nascimento, em carro oficial da instituição.

A Polícia Federal vai ter muito trabalho. Isso vai em processo contra muita gente e não é contra militante do PT coisa nenhuma e muito menos contra Geraldo Simões. Não é Fernando Cuma? Não é Franco Timóteo? Não é Policarpo Júnior?

Fonte: jornal A Região - fundado pelo empresário Manoel Leal, assassinado em Itabuna num crime de mando nunca esclarecido devidamente.

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