20 de novembro de 2010

 

Abertura do processo da ditadura contra Dilma é uma perversão

A Folha de S. Paulo obteve autorização judicial para ter acesso ao processo da ditadura militar movido contra Dilma Rousseff. É pouco provável que os inquéritos militares não tragam inverdades, já que os “depoimentos” foram obtidos sob tortura. Mesmo que os processos revelem que Dilma Rousseff não assaltou bancos, não pegou em armas, não feriu ninguém, não é este o problema principal.

O problema é que a Folha de S. Paulo, assim como parte da grande imprensa, pretende julgar atos do passado com critérios do presente. Dilma resistiu á ditadura com as armas da época. Entre elas, a luta armada. É uma glória, um heroísmo, e não um “crime”.

Criminosos e terroristas eram os torturadores dos porões. A Folha quer impor a Dilma Rousseff a pecha de “terrorista”, logo a Folha que foi cúmplice da ditadura, dos torturadores e assassinos de botas.

O publicitário e jornalista Paulo César da Rosa escreveu artigo esclarecedor sobre o assunto no site da revista Carta Capital, que se segue:

ABERTURA DO PROCESSO DA DITADURA CONTRA DILMA: UMA PERVERSÃO

Esta semana, a Folha de S. Paulo obteve autorização para ter acesso ao processo da Ditadura Militar contra Dilma Roussef. Fui contra isso antes das eleições, porque era evidente o objetivo eleitoral de atingir a candidatura de Dilma. Mas agora estou achando ótimo, porque se liberaram um processo que envolveu a atual presidente da República, a Justiça vai ser obrigada a liberar todos os podres da Ditadura. É, ou não é?

Sei, o cérebro do PIG é perverso é já deve ter antecipado uma medida contra essa abertura ampla, geral e irrestrita. Vai que apareçam as colaborações que fizeram à Ditadura? Como explicar?

Se os relatos dos Inquéritos Militares não trouxerem nenhuma inverdade (o que é pouco provável, porque depoimentos obtidos sob tortura por princípio nunca são verdadeiros nem traduzem a verdade), podem conferir o que eu tenho a dizer: Dilma não matou ninguém, não feriu ninguém. Dilma não teve em sua militância nenhuma ação armada direta. Diz o folclore no Rio Grande do Sul que a única ação em que teria participado teria sido a do “roubo” do cofre do Ademar. Como Ademar de Barros é tido um ladrão renomado na política brasileira, teria havido justiça na “expropriação”.

O que também não quer dizer nada. Dilma poderia ter participado de ações consideradas pela Ditadura como “terroristas” e isso, hoje, a rigor, foi um ato de bravura. Porque não se pode julgar atos passados com critérios posteriores. Imaginem julgar hoje um escravocrata do século XVII com critérios do século XXI. Não é possível. Essa é a maior perversidade do cérebro do PIG. Querer dizer que quem lutou contra a Ditadura com as armas que tinha na época estava errado.

Dilma, pessoalmente, pode, hoje, diante desta perversidade, ter tido a sorte política de não ter participado de nenhuma ação “terrorista” direta em sua juventude. Mas, hoje, não podemos lhe negar o direito de haver sido subversiva, assim como não podemos negar o direito a Tiradentes de haver conspirado contra o Império.

O valor da subversão no twitter

“Pensando bem, a melhor justificativa para votar em Dilma é ela ter sido “guerrilheira” e “terrorista”. Mulher assim é de faca na bota. Beleza!”

Esta manifestação no twitter, no dia 23 de outubro, no calor dos acontecimentos, do jornalista e escritor gaúcho Juremir Machado, dá um pouco o tom com que os gaúchos encararam esta história da Dilma “terrorista”. Ninguém levou muito a sério. E se for pra levar, quero saber quantos brasileiros a Folha ajudou a conduzir pros cárceres da Ditadura nos anos de chumbo…

Paulo Cezar da Rosa é jornalista e publicitário. Publicou o livro O Marketing e a Comunicação da Esquerda. É diretor da Veraz Comunicação e da Red Marketing, ambas sediadas em Porto Alegre. paulocezar@veraz.com.br

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